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Reparentalização e o seu impacto na tua Saúde Mental


Reparentalização

A reparentalização é um conceito profundo que envolve o processo de nos tornarmos os pais de nós próprios, ou seja, dar a nós mesmos o amor, o cuidado e a validação que, por vezes, não recebemos na infância. Trata-se de um método de cura interior que nos permite resgatar as nossas necessidades emocionais não satisfeitas e reescrever os padrões comportamentais disfuncionais que herdámos dos nossos cuidadores primários.


Como temos estado a explorar nos últimos artigos, quando crianças, somos profundamente influenciados pelas figuras parentais – sejam elas os nossos pais biológicos ou outras pessoas que desempenham esse papel. Estas relações moldam a forma como nos vemos a nós mesmos e como reagimos emocionalmente ao mundo à nossa volta. No entanto, muitos de nós crescem com feridas emocionais ou carências, que, quando não tratadas, podem transformar-se em padrões de comportamento tóxicos ou autossabotadores na vida adulta.


O processo de Reparentalização, oferece-nos a possibilidade de transformar estas feridas, tendo como primeiro foco o reconhecimento dos nossos padrões limitadores (ou traumas) e, posteriormente, capacitar-nos para atender às nossas necessidades emocionais internas como se fôssemos os nossos próprios pais. Ao fazê-lo, podemos alterar os caminhos neurais que foram formados durante a infância e criar novos padrões que promovem a segurança emocional, o amor-próprio e a resiliência.


Benefícios da Reparentalização para a Saúde Mental


A reparentalização tem um impacto transformador na nossa saúde mental e emocional. Na realidade impacta toda a nossa saúde de forma positiva. Alguns dos principais benefícios incluem:


- Redução da Ansiedade e do Stress: Quando aprendes a acalmar a tua "criança interior", começas a desenvolver maior estabilidade emocional. Quando os traumas infantis são reconhecidos e cuidados, deixas de reagir de forma automática ao stress e passas a ter uma resposta mais consciente e serena.

- Fortalecimento da Autoestima: Muitas vezes, a falta de autoestima vem de uma infância onde as nossas necessidades emocionais não foram plenamente atendidas. Ao reparentalizares-te, dás a ti próprio o amor e a aceitação incondicional que precisas, ajudando a fortalecer a tua confiança e a tua autovalorização.

- Melhoria das Relações Pessoais: Quando reconheces e atendes as tuas próprias necessidades emocionais, deixas de depender excessivamente dos outros para validação e segurança emocional. Isso leva a relações mais saudáveis, conscientes e equilibradas.

- Resolução de Padrões de Comportamento Autossabotadores: Através da reparentalização, podes identificar e curar padrões de comportamento destrutivos que foram criados na infância. Por exemplo, se tens dificuldades em estabelecer limites, isso pode estar relacionado com um sentimento de abandono na infância que te leva a querer agradar todos, achando que só assim vais ser amada/o. Ao reparentalizares essa parte de ti, tornas-te mais capaz de criar limites saudáveis.


Como a Astrologia Psicológica nos pode apoiar neste processo


A astrologia psicológica oferece-nos uma lente profunda para compreender os nossos padrões emocionais e traumas através dos arquétipos do Sol e da Lua no mapa natal. O Sol e a Lua representam duas facetas importantes da tua psique: a tua identidade consciente e as tuas emoções profundas e necessidades inconscientes.


- O Sol: Representa o teu pai ou a figura masculina dominante na tua infância. Também reflete a tua identidade e como te expressas no mundo. Um Sol forte e equilibrado no teu mapa pode indicar uma relação saudável com o teu poder pessoal e com a autoridade. No entanto, se o teu Sol estiver em tensão, isso pode revelar questões não resolvidas com a tua identidade, com o pai ou com a capacidade de te afirmares.


- A Lua: Representa a tua mãe ou a figura materna e, ao mesmo tempo, as tuas necessidades emocionais e a forma como procuras segurança e conforto. A Lua revela o que guardas nas profundezas da tua psique, incluindo as feridas emocionais da infância. A Lua representa aquilo que sentiste que presisavas ser para sobreviveres ao facto de seres totalmente dependente e impotente em criança. Sendo esta uma energia do passado, é fundamental ser revista e integrada, pois tem tendência para ser o nosso maior sabotador interno.


Ao olhares para o teu Sol e a tua Lua no mapa natal, consegues ganhar clareza sobre as dinâmicas parentais que te marcaram e como isso continua a influenciar a tua vida. Este conhecimento é de uma enorme utilidade para o processo de reparentalização, pois permite-te perceber o que precisas curar para integrar a tua psique de forma mais harmoniosa.


Exercício de Reparentalização com Base na Programação Neurolinguística (PNL)


A Programação Neurolinguística (PNL) oferece uma série de ferramentas poderosas para transformar padrões emocionais e comportamentais. Um dos ensinamentos populares de Tony Robbins, uns dos maiores gurus da PNL foca-se em mudar a forma como percebemos e nos relacionamos com as nossas memórias e emoções passadas.


Recordo um evento facilitado pelo Tony Robbins que tive o privilégio de participar em 2014 em Chicago. Eramos mais de 5000 pessoas a estudar e a experimentar diversos exercícios de transformação durante uma intensa semana. Entrávamos em estados de pura Alegria e profunda tristeza. Foi muito interessante explorar a capacidade do nosso cérebro e algumas fórmulas de reprogramação mental que claramente facilitam os processos de cura.

Durente este evento fizemos este exercício todos juntos. Muitas emoções densas surgiram, muitas lágrimas, muita dor. Parece que a maioria de nós carrega feridas difíceis da infância. Não estás sozinho. Somos muitos (se não todos) os que buscam a cura interior.


Vou então partilhar contigo este exercício de reparentalização inspirado na PNL que te ajudará a curar a tua criança interior e a reescrever a tua narrativa emocional.


Passos do Exercício: Lê o exercício todo até ao final e depois sim, coloca em prática.


  1. Encontra um Espaço Tranquilo: Senta-te num local onde possas relaxar sem interrupções. Fecha os olhos e começa a respirar profundamente para o abdómen, focando-te em acalmar a mente e o corpo. Se te ajudar, coloca uma música de frequências de cura. Eu gosto da playlist do spotify que se chama healing frequencies 2024. Desliga a net e o som do teu telemóvel para não seres interrompido/a.


  1. Visualiza a Tua Criança Interior: Imagina-te como criança (escolhe uma imagem entre 1 e 7 anos) . Recorda-te de como era o teu cabelo, o teu olhar, o teu sorriso, o teu corpinho. Recorda-te como brincavas, o que fazias, como te expressavas. Observa-te como criança e projeta essa imagem em frente a ti, a um metro de ti (mais coisa, menos coisa). Conecta-te com essa criança, imaginando-te a olhar e a sorrir para ela.


  1. Segurança: Coloca a mão no coração da tua criança e visualiza uma luz dourada a entrar no seu coração e a rodear ambos numa capsúla dourada que vos protege de tudo. Explica-lhe que vão fazer uma viagem ao passado juntos num transporte que ela pode escolher. Pode ser uma nuvem mágica, um unicórnio, um carro de corrida, uma nave espacial. Deixa que seja a tua criança a escolher o veículo que a faz sentir segura e protegida.


  2. O consentimento: Agora que estão totalmente seguros, explica-lhe que vão juntos fazer uma visita a um momento do passado onde talvez ela não se tenha sentido segura, amada ou protegida. Reforça que tu agora estás com ela e que ambos vão reescrever estas histórias para que se sintam os dois em Paz e Seguros. Só avanças nesta viagem depois de obteres o seu consentimento. Se sentires alguma resistência (o que é natural e muito comum quando os traumas são profundos) pergunta-lhe que ferramentas extra precisa para se sentir segura nesta viagem. Pode ser uma varinha mágica, pode ser uma pedra, uma peça com que dormia, um brinquedo, um simbolo, um manto da invisibilidade. Não racionalizes demais. Dá-te a primeira coisa que te vem à cabeça.


  1. A Viagem: Visualiza-te agora com a tua criança nesse transporte a viajar na linha de tempo do passado, em total segurança, cheios de Luz e de mãos dadas ou abraçados. Chegam a um momento da tua infância em que sentiste que as tuas necessidades emocionais não foram atendidas – talvez um momento em que te sentiste rejeitado/a, negligenciado/a ou criticado/a. Tenta captar essa imagem de forma clara e vivida, de um lugar totalmente seguro, como um espectador que não está envolvido na cena.


  1. Sentir em Segurança: Permite que as emoções surjam sem receio. É natural recordarmos as sensações físicas e emocionais desse momento. Se for muito intenso, abraça a tua criança e reforça que está segura agora e totalmente protegida. Se ainda assim for intenso, coloca-a no sítio onde ela se sentir bem. Pode ser mais longe da cena, no transporte, no teu colo, etc. Ela decide.


  1. Torna-te o Pai/Mãe Ideal: Agora, imagina-te a entrar nesta cena como adulto. A tua função aqui é mostrares à tua criança como é ser o pai ou a mãe ideal para ela. Com base nas necessidades que reconheces da tua criança interior: O que precisas de dizer a essa criança? Que palavras de apoio, amor ou consolo te faltaram na altura? Ela precisa de algum objeto de poder para se sentir mais protegida? Imagina-te a cuidar dessa versão de ti com carinho, segurança e compreensão, oferecendo-lhe tudo o que precisa.


  1. Reescreve a História: À medida que dás à tua criança interior o que ela precisa, observa como ela começa a mudar. Reescreve o desfecho dessa cena de forma positiva. Talvez visualizes a tua criança a sentir-se Amada e Segura. Valorizada e Respeitada. Cuidada e Vista. Podes usar as tuas mãos para colocar luz e amor no coração dos teus cuidadores e observar o seu comportamento a mudar nessa situação. Respira profundamente e permite que esta nova imagem e sensação de segurança se integre na tua mente e no teu corpo, utilizando algum movimento repetitivo para ancorares essa nova sensação em ti Pode ser um gesto simples com os teus dedos, pode ser um auto abraço, movimentos circulares na zona do coração, etc. Tu escolhes um movimento que te seja confortável para ancorares esta nova sensação de segurança e amor. Revive a situação as vezes que precisares até ser leve e divertida.


  1. Transformação do sistema familiar: Envolve-te em todas as emoções positivas de te sentires finalmente seguro/a e amado/a, enquanto fazes o teu gesto. Deixa que cresça o mais possivel até teres um sorriso largo na tua cara de Alegria e Satisfação. Visualiza os teus cuidadores firmes, ao teu lado, proporcionando-te toda a segurança que precisas, estando o teu Pai à tua Direita por cima do teu ombro direito, a tua Mãe à tua esquerda, por cima do teu ombro esquerdo e tu no centro, no teu lugar de Filho/a, amado e apoiado pelos pais.


  1. Integração: Quando sentires que a tua criança interior foi completamente nutrida, deita-te confortavelmente. Sente essa energia de amor e segurança a integrar-se no teu Eu adulto. Sente como o teu corpo e a tua mente começam a relaxar, sabendo que agora tens a capacidade de te nutrir e proteger emocionalmente. Dá-te o tempo que precisares para integrar o trabalho que acabaste de realizar.


  1. Repetição: Após a integração, abre os olhos e, se quiseres, escreve sobre a experiência. O que mudou na tua perceção? Como te sentes em relação àquela memória agora? Qual o teu gesto? Quando vais repetir? Determina uma hora e dias respetivos para repetires o processo. Em média, o cérebro leva cerca de 3 semanas a criar novos padrões neurais. É necessário repetires de forma consistente o processo para que passe a fazer parte da tua biologia.


Conclusão


A reparentalização é um processo profundo de cura emocional que nos permite atender às necessidades da nossa criança interior e transformar padrões disfuncionais. Ao combinarmos as ferramentas certas, podemos reescrever a nossa narrativa emocional, integrando amor, compaixão e segurança nas partes de nós que mais precisam. Este é um caminho de cura contínuo, que nos permite viver com maior autenticidade e liberdade emocional.


Lembra-te: Se é muito dificil para ti mergulhar nestes processos sozinho/a, pede a ajuda de um Psicólogo ou Terapeuta. Tu mereces viver livre de padrões que não te ajudam a ser feliz.


Um grande abraço para ti e para a tua criança interior fofinha :)

Rita



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